Segurança

Trabalho nas alturas...

Grupo de Operações Especiais da Copel está na ativa há 17 anos e é o mais especializado do setor elétrico

  • O Grupo de Operações Especiais da Copel já fez diversos trabalhos na Usina Termelétrica de Araucária (UEGA).
  • A iluminação de Natal da Catedral de Maringá foi um dos trabalhos mais difíceis realizados pelo GOE.
  • Lemos guarda até hoje a corda que usou no trabalho, que terminou bastante desgastada. Porém, não chegou a ser preciso acionar a segunda corda.
  • Apesar de toda dificuldade, o resultado foi gratificante.
  • O GOE também treina o Corpo de Bombeiros para agir em situações de emergências em ambientes energizados. Na foto, membros do GOE e do Corpo de Bombeiros no centro de treinamento da Copel, em Londrina.
  • Grupo faz treinamentos em Sipats e também em ambientes fora do trabalho.
  • Grupo faz treinamentos em Sipats e também em ambientes fora do trabalho.
  • O engenheiro Glauco Domingues de Mello, do Serviço de Manutenção Mecânica de Curitiba, e Mário Szymaski Jr., na época eletricista da transmissão, no trabalho na usina Guaricana. Mário faleceu em uma acidente de automóvel no fim do ano passado. Ele era membro do GOE e estava sendo preparado para ser uns dos instrutores do grupo.
  • A equipe do GOE é formada hoje pelos empregados Celso Louzada Lemos, Armando Guimarães, Mauro Iamamoto, que são os precursores e hoje também são instrutores, Glênio de Carvalho Faria, Leandro Marcelo Crivelin, Gilberto Grotti Vicente e Nilton Roberto Cremasco Jr.
  • Celso Louzada Lemos e Armando Guimarães incentivaram a criação do GOE e hoje, além de realizar o trabalho em altura, também são instrutores.

A um, dez, 15, 100 metros. Não importa a altura, nem a profundidade e nem se é espaço confinado. Eles estão prontos para o trabalho longe da terra firme e para atuar em qualquer situação, inclusive emergências. O Grupo de Operações Especiais (GOE) da Copel é o mais preparado do setor elétrico para trabalhos em altura. Com equipamentos de ponta, adquiridos antes mesmo de surgirem normas reguladoras para a prática, os sete empregados que compõem o grupo já trabalharam em usinas, linhas de transmissão e até em uma grande instalação natalina. A meta, agora, é ampliar o número de empregados preparados para os trabalhos em altura.

"É muito importante para a Copel ter um equipe própria para realizar este tipo de trabalho. É um grupo competente, que exerce na prática do seu dia a dia valores da Companhia como segurança, responsabilidade e dedicação", afirmou o diretor de Geração e Transmissão de Energia e de Telecomunicações, Jaime Kuhn. A ideia de formar o GOE surgiu em 1995, em função de um acidente com um terceirizado de uma empreiteira, em Londrina. "Começamos comprando alguns equipamentos por conta e logo depois tivemos apoio do superintendente da Transmissão Norte (SMN) na época, Yoshio Nishiyama", contou um dos primeiros integrantes do grupo, o gerente da Unidade de Transmissão Norte e São Paulo (DPNS), Celso Louzada Lemos. "Começamos, então, a parar todas as atividades uma vez por mês para trabalhar com instruções de trabalho em altura", completou.

Segundo Lemos, o grupo surgiu oficialmente em uma SIPAT, que aconteceu em Londrina, quando foi feita uma ação diferente, com trabalho em altura, que chamou a atenção dos que participaram. "Lá vimos que muitas pessoas tinham interesse em treinar para fazer trabalhos em altura e o pessoal que mais se destacou foi convidado para integrar o grupo", contou Lemos. O primeiro trabalho surgiu em 2005, na Usina de Segredo. "Fomos convidados para fazer um trabalho no conduto forçado da usina. Descemos com corda controlada (manobra mais conhecida como rapel)".

Lemos relembra de diversos trabalhos feitos pelo GOE, como instrução de limpezas na barragem de enrocamento na Usina de Foz do Areia, inspeções na usina de Chaminé, conserto da iluminação aérea na chaminé da usina de Araucária, manutenções em grandes vãos da transmissão, entre outros. No entanto, conta que o mais marcante foi uma parceria entre a Copel e a prefeitura de Maringá para colocar a iluminação de Natal na Catedral da cidade. "O trabalho era complexo e tínhamos que enfrentar várias dificuldades. Nada podia cair nada porque tinham pedestres passando o tempo todo. Não foi o mais técnico, mas sim o mais difícil", contou. Lemos guarda até hoje uma das cordas que usou no trabalho, que terminou bastante desgastada.

Resgastes

O GOE nunca precisou fazer resgate de empregados em situações de emergência ou acidentados. No entanto, nem por isso deixa os treinamentos de lado e instrui, também, o Corpo de Bombeiros. "Temos uma preocupação muito grande com os bombeiros, pois são eles os responsáveis por resgates. Damos palestras e sempre nos colocamos a disposição deles. Até porque trabalhar em áreas energizadas requer conhecimentos específicos. Por exemplo, mesmo que uma linha de transmissão esteja desligada, tem a energia capacitiva (resquício de energia). Eles precisam estar atentos a tudo isto", afirmou Lemos.

Otimização

Ter um grupo especializado em trabalhos em altura significa economia para a Copel, já que contratar fora este tipo de serviço é caro. Hoje o GOE conta com sete empregados e está aberto para avaliações de novos membros. Portanto, quem quiser fazer parte pode procurar Lemos. No entanto, ele ressalta que é preciso gostar e ter habilidade. Os empregados que fazem parte do grupo continuam com suas atividades normais na empresa, treinam e são chamados quando há algum trabalho difícil ou perigoso em altura.

NR-35

Uma nova norma regulamenta o trabalho em altura a partir deste ano. A NR-35 traz determinações mais rígidas para este tipo de trabalho. "Ficamos muito felizes com essa norma, pois a Copel já coloca em prática quase tudo que ela determina. Montamos um grupo de trabalho para fazer apenas alguns ajustes", contou Lemos. Segundo ele, em 2004, o lançamento da NR-10, que regulamenta segurança em instalações e serviços em eletricidade, também foi uma conquista. "Muitas pessoas achavam as técnicas e normas que usávamos complicadas. E quando veio a NR-10 todos foram obrigados a adotá-las", finalizou.

Em meio à Mata Atlântica

Um dos trabalhos mais desafiadores do Grupo de Operações Especiais aconteceu em janeiro de 2012. No início do ano passado, a equipe de manutenção da Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Guaricana encontrou um vergalhão de ferro no bico injetor de uma das turbinas. Esta usina fica no meio da Serra do Mar, a 84 quilômetros de Curitiba, e tem áreas de difícil acesso. Os empregados que faziam a manutenção tiraram o material de lá, mas precisavam descobrir de onde ele tinha vindo. Afinal, poderia ter outros vergalhões soltos e causar estragos sérios à estrutura da PCH.

"Nosso pessoal fez uma inspeção nos condutos da usina, que ficam no pé e no topo da serra. Eles foram até onde conseguiram chegar e acharam vários vergalhões nestes locais. O problema estava em uma grade rompida na tampa da água da usina, que é subterrânea e fica cerca de duas horas de caminhada em meio à mata", contou o gerente da Divisão de Manutenção de PCHs Leste, Luiz Carlos Dattola. Como o local é de difícil acesso e escuro, o gerente pediu ajuda ao GOE. "Eles vieram com roupas e equipamentos adequados e, com o apoio da nossa equipe, retiraram os pedaços da grade do local", lembrou. Segundo Dattola, se a Copel não tivesse essa equipe seria preciso contratar este serviço.