
O vice-presidente de Estratégia, Novos Negócios e Transformação Digital da Copel, Diogo Mac Cord, ressaltou, nesta quinta-feira (4/9), as vantagens técnicas e competitivas da geração de fonte hidráulica para a segurança do sistema energético brasileiro, que tem necessidade urgente de potência para suprir a demanda de atendimento na ponta.
“Todo sistema tem que ser dimensionado para a ponta. O que vimos neste ano foi uma ponta de 106 Gigawatts. E a gente precisa de flexibilidade. Precisamos, pelo menos, de 10 GW de disponibilidade agora, pra já. E a disponibilidade da geração hidráulica é maior. É a hidráulica que segura a bronca. Todas as vezes que esta fonte é chamada ao despacho de energia, tem níveis de atendimento superior ao das térmicas”, afirma Mac Cord.
Segundo o executivo da Copel, as vantagens da energia hídrica são uma questão matemática presente nos números e na agilidade de entrega. “Precisamos trazer a matemática de volta ao setor elétrico, para que tudo seja pautado na técnica em vez de em jabutis e coisas do gênero”, alerta Mac Cord, que falou no Centro Britânico Brasileiro (CBB).
O executivo da Copel aponta os riscos do não atendimento à demanda crescente e defende a urgência do Leilão de Reserva de Capacidade (LRCAP), pelo Ministério das Minas e Energia. O certame está previsto para o primeiro trimestre de 2026. Ele abriu, nesta quinta, o painel de debates da segunda edição do Minuto Mega Talks, evento que reúne líderes, tomadores de decisão e autoridades do setor de energia, organizado pela empresa de conteúdo especializado MegaWhat.
De acordo com o VP da Copel, a demanda de ponta, período do dia em que há maior consumo de eletricidade, irá aumentar ano a ano. “Se a gente cresce esta ponta a 2% ao ano, chegamos em 2030 com quase 117 GW de ponta e a 130 GW, em 2035. Temos hoje capacidade de geração de 108 GW de hidráulica e mais 35 GW de térmica. E precisamos ter este atendimento de ponta combinado ao desafio de ‘rampa’ da solar e de intermitência da eólica”, alerta.
Técnica e custo
Segundo Mac Cord, a vantagem comparativa da geração hidráulica em relação à térmica é superior também nos fatores técnico, de custo e ambiental, por ser energia limpa. “Com a fonte hidráulica é possível atender ao efeito rampa com entrega de potência nominal em cinco minutos, contra sete horas da geração térmica. A hidráulica mais cara possível comparada à térmica mais barata, para este modelo de LRCAP, seria 20% mais barata que a térmica mais barata”, observa.
Além disso, o executivo da Copel ressalta que de fonte hídrica há a possibilidade de geração de 15 GW a 20GW já identificados com a ampliação de capacidade em usinas já construídas no país. “A geração hídrica é mais barata, mais rápida e traz os atributos técnicos de que a gente precisa”, explica.
Para Diogo Mac Cord, há duas formas de resolver a questão de demanda por energia e potência: “uma delas é preço, a outra é a socialização do custo”. E acrescenta: “Nos últimos 15 anos, o governo selecionou fontes vencedoras. Se continuarmos escolhendo fontes vencedoras para solucionar os problemas que foram criados por essas fontes, nunca vamos sair do buraco. Temos que apresentar uma solução de mercado. Se for transformar tudo isso em encargos, por meio de subsídios, tem que ser uma solução matemática que minimize custo. Agora, se a solução for do Estado definir qual fonte contratar, isso terá que ser socializado. Já se for pela lógica de sinal de preço, o mercado vai achar a melhor tecnologia”, destaca.