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Em Brasília, Copel aponta geração hídrica como legado indispensável à garantia de potência para a segurança energética

O vice-Presidente de Estratégia, Novos Negócios e Transformação Digital da Copel, Diogo Mac Cord, defendeu em Brasília, nesta quinta-feira (25/9), o investimento na geração hídrica como estratégico para a segurança energética nacional. “O Brasil é muito bom em hidráulicas. Esse investimento é um legado que deixamos para as próximas gerações e não uma tecnologia que daqui a pouco pode ir para o lixo”, afirmou Mac Cord em encontro com lideranças nacionais do setor energético, realizado na Casa ParlaMento, na Capital Federal.

Mac Cord foi um dos painelistas no evento “O papel das hidrelétricas na transição energética”, organizado pela agência iNFRA. Ao falar no painel “A Visão dos Agentes”, o VP de Estratégia, Novos Negócios e Transformação Digital da Copel reforçou a experiência e vocação nacional em investimentos em hidrelétricas e sinalizou avanços da companhia paranaense no campo da energia 100% limpa e renovável.

Mac Cord no evento “O papel das hidrelétricas na transição energética”. Foto: agência iNFRA.

“Voltemos ao simples. Por alguma razão, nos últimos 15 anos, a hidráulica foi deixada de lado e substituída por outras fontes. Quando olhamos para o resto do mundo eles estão voltando para a hidráulica. Eles não tinham o potencial natural, mas agora avançam com velocidade na implantação de usinas reversíveis. Os Estados Unidos já contam com 22 GW de potência disponível nesse modelo e a China com 60 GW. As reversíveis não precisam potencial, criam o próprio potencial”, observou.

Na opinião de Mac Cord, o fato de a grande densidade populacional brasileira estar localizada ao longo da faixa litorânea, aliada à topografia da costa, favorece o investimento em usinas reversíveis. “Conseguimos agora fazer um investimento complementar nas hidráulicas que já temos, colocando máquinas novas e repotenciando. Tudo isso, com a grande vantagem de que as hidrelétricas duram 50 anos, 100 anos”, disse o VP da Copel, apontando para investimentos que a companhia projeta.

Competitividade

Mediador do painel “A Visão dos Agentes Aneel”, o diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica, Fernando Mosna, questionou o vice-presidente da Copel a respeito de competitividade. “Temos uma alocação desigual de custos e riscos, o que acaba fazendo com que haja o comprometimento da competitividade das hidrelétricas em relação a outras fontes. Como poderíamos fazer uma revisão desse modelo, de forma que custos e riscos fosse melhor distribuído entre os agentes. Como podemos ampliar a competitividade das hidrelétricas?”

Para Mac Cord, as hidrelétricas são a fonte de geração que melhor respondem à equação entre oferta e demanda. “Ela responde na hora que a gente precisa despachar, porque é renovável, porque conseguimos ter vários atributos que respondem melhor ao sistema. Se o mercado fosse totalmente livre, e se o preço fosse dinâmico, eu garanto que continuaríamos investindo em hidrelétricas”, afirmou.

O VP da Copel considerou ainda que a opção por eficiência deve ser levada em conta como estratégia para a eficiência energética em vez da defesa por fontes específicas. “A gente vê, às vezes, uma briga por fontes. Muitas vezes eu ouço, ‘você não gosta de solar, não gosta de baterias, virou o defensor das hidrelétricas agora. A gente chegou neste ponto, porque as pessoas confundem fonte ou tecnologia com desenho de mercado. Por que as baterias cresceram em outros lugares? Foi porque se desenhou um modelo de preço que viabilizou o investimento em baterias. Quando falamos de preço, de risco, de alocação. Preço de equilíbrio é quando a oferta encontra a demanda. Se conseguimos voltar ao simples, com preço de mercado e sinalização instantânea alinhada também ao consumidor, resolveremos 90% dos problemas.”

“Um problema resolvido entre dois entes privados é um problema a menos para o governo resolver. Mas quando alguém vem a Brasília pedir para defender alguma fonte determinada a gente cria um problema enorme”, completou Mac Cord.

Lideranças do setor de energia nacional reunidos na Casa ParlaMento, na Capital Federal. Foto: agência iNFRA

Convergência

O entendimento da relevância das usinas hidrelétricas para o Brasil foi ponto de convergência também para representantes de órgãos reguladores e outras lideranças no evento. Para o mediador do painel “A Visão dos Agentes” e diretor da Aneel, Fernando Mosna, “não existe nenhum tipo de energia no brasil, renovável ou não renovável, que seja tão bonita e magnífica como a hidrelétrica. Porque não é só controlar o recurso natural, mas um desafio da engenharia e das intervenções que o homem faz na geografia”. 

O diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa, apontou a geração hídrica como patrimônio e grande ativo estratégico brasileiro. “Sempre se falou que as hidrelétricas são um patrimônio da engenharia nacional. As hidrelétricas são muito além disso. São um ativo geopolítico, na liderança da transição energética global. Isso vai além de uma agenda climática. É uma agenda econômica, tecnológica e seguramente geopolítica. Todos os grandes conflitos no mundo passaram por dois grandes aspectos: a segurança alimentar e energia. A energia, seguramente, será um ativo que vai nortear os conflitos e alianças globais. E o Brasil está numa posição extremamente estratégica”.

O diretor do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Cristiano Vieira, destacou a geração por usinas hidrelétricas como o carro-chefe do setor energético. “Quando falamos de perspectivas futuras não tem como deixar de reconhecer que, se a ONS diz que precisa de flexibilidade operativa e de armazenamento para deslocar esse excedente de geração de um ponto do sistema para outro, para propiciar o atendimento na ponta, a hidroeletricidade tem esses atributos. Os atributos da flexibilidade, do armazenamento e dos usos múltiplos. Então ela é central para esse atendimento seguro no futuro”, observou.

Engajamento

Na opinião da presidente da Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia Elétrica (Abrage), Marisete Dadald, “não se trata de discutir sobre a fonte ‘a’ ou fonte ‘b’, e sim uma discussão garanta a atração de investimentos, desenvolvimento de novas tecnologias e de novos desenhos de mercado que propiciem o desenvolvimento mais justo e competitivo.”

“Enxergamos o país engajado em viabilizar o petróleo na margem equatorial. Por que esse engajamento não pode ser direcionado a impulsionar o potencial hidrelétrico que o Brasil tem? Temos um potencial ainda que pode ser explorado que pode chegar a 30GW”, destacou a presidente da Abrage.

O deputado Diego Andrade, presidente da Comissão de Minas e Energia na Câmara Federal, destacou que o potencial hidrelétrico representa energia firme e limpa. “Trata-se de uma riqueza do país à qual precisamos ter atenção especial. Vivemos um momento de mudanças, de novas tecnologias, de energias que talvez não sejam firmes. E fica a reflexão: qual a melhor proposta para a gente avançar? Acredito que possamos chegar, no Congresso Nacional, com soluções que apresentem resultados para o setor. Especialmente a preocupação que a gente tem com esse exagero de energia que a gente não consegue operar”, observou.

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