Araucária, cedro, palmeira-juçara, xaxim — estas e outras 30 variedades da flora típica do Paraná são protegidas pela Copel em áreas de preservação ambiental nas cercanias dos reservatórios das usinas hidrelétricas da companhia. Várias constam nas listas oficiais de espécies ameaçadas.
A Copel possui 9,3 mil hectares de Área de Preservação Permanente (APPs) de usinas, onde foram registradas, até o momento, 266 espécies diferentes da flora nativa.
Destas, 34 estão sob algum grau de ameaça no Brasil, divididas nas categorias: vulnerável, em perigo ou criticamente em perigo. A classificação é do Ministério do Meio Ambiente e da União Internacional para a Conservação da natureza (IUCN, na sigla em inglês). Estas instituições divulgam periodicamente listas de espécies ameaçadas, baseadas em indicadores como densidade populacional, abundância de indivíduos de uma espécie em determinada área e capacidade reprodutiva.
Grande parte das áreas de floresta protegidas pela Copel formam refúgios ecológicos que criam condições ideais para a reprodução da fauna e da flora. É o que explica a engenheira florestal do Instituto Água e Terra (IAT), Maria do Rocio Lacerda Rocha: “Com relação aos empreendimentos hidrelétricos, há de se mencionar a importância das áreas de preservação permanente do entorno dos reservatórios artificiais”.
Ela lembra que “essas áreas são previstas em legislação – tanto federais como estaduais e resoluções Conama – como áreas de extrema importância ambiental para garantir a qualidade do próprio reservatório e também um importante corredor de biodiversidade para fauna e para a manutenção da biota local, dos ambientes que são típicos das regiões onde estão inseridos esses empreendimentos”. O Conama é o Conselho Nacional do Meio Ambiente.
Segundo a gerente da Divisão de Biodiversidade da Copel, a bióloga Sandra Elis Abdalla, ao adquirir os terrenos para a formação de áreas de preservação nas margens dos reservatórios, a Copel também recupera ecossistemas degradados. Isso permite recompor a cobertura vegetal com espécies nativas de cada bioma em regiões anteriormente utilizadas para a agricultura ou a pecuária.
“Nesse trabalho”, ela acrescenta, “realizamos estudos ambientais que definem as espécies adequadas para colonizar as áreas degradadas e fornecer as condições ideais para aquelas mais exigentes em qualidade ambiental, como as espécies ameaçadas, que são introduzidas posteriormente.”
Durante a formação de reservatórios, espécies silvestres são resgatadas e realocadas. Também ocorre a coleta de sementes, o plantio de mudas e acompanhamento da evolução delas. “O objetivo é buscar o equilíbrio do ecossistema com diversidade biológica e variabilidade genética, essenciais na perpetuação de espécies”, detalha Abdalla.
A manutenção dessas reservas vai além do plantio: a Copel monitora continuamente os territórios para evitar invasões, construções irregulares e desmatamentos.
A vigilância é feita com inspeções em solo, vistorias fluviais, sobrevoos de drones e análise de imagens de satélite — tudo para garantir a integridade das matas restauradas.
Além da função de abrigo para a vida silvestre, essas áreas desempenham um papel crucial na prestação dos chamados serviços ecossistêmicos, como a regulação do clima, a purificação da água, a proteção do solo e a manutenção da qualidade do ar. A Copel também dá acesso a pesquisadores e financia estudos científicos, ampliando o conhecimento sobre os diferentes biomas.
As espécies encontradas nas áreas da Copel, que constam nas listas oficiais agrupadas por classificação de risco, são: Criticamente em Perigo – Araucaria angustifolia (Araucária); Em Perigo (EN) – Aniba ferrea (Rosa-louro), Balfourodendron riedelianum (Pau-marfim), Dicksonia sellowiana (Xaxim), Doliocarpus lancifolius (Cipó-vermelho), Escallonia petrophila (Escalonia), Hippeastrum striatum (Amarílis), Micropholis splendens (Candeia), Ocotea odorifera (Canela-sassafrás), Ocotea porosa (Imbuia), Panopsis multiflora (Canela-amarela), Podocarpus sellowii (Pinheiro-bravo), Roupala asplenioides (Carvalho), Sloanea obtusifolia (Gindiba), Symplocos corymboclados (Congonha), Virola bicuhyba (Virola); e Vulnerável (VU) – Apuleia leiocarpa (Grápia), Bertholletia excelsa (Castanheira), Cedrela fissilis (Cedro), Cedrela odorata (Cedro), Curitiba prismatica (Murta), Dalbergia brasiliensis (Jacarandá), Eugenia malacantha (Pitanga-araticum), Euterpe edulis (Palmeira-juçara), Ficus pulchella (Caxinguba), Hymenaea parvifolia (Jutaí), Isabelia virginalis (Orquídea-virgem), Mezilaurus itauba (Itaúba), Myrcia tenuivenosa (Cató), Ocotea catharinensis (Canela-preta), Rudgea jasminoides (Cafezinho-do-mato), Smilax muscosa (Salsaparrilha), Sorocea guilleminiana (Trempa), Virola surinamensis (Virola).


