A arte rupestre produzida por antigas ocupações humanas do nordeste brasileiro está retratada em um livro que acaba de ser publicado pela Copel, em parceria com a Universidade Estadual do Rio Grande do Norte e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A obra A Simbologia Rupestre do Rio Grande do Norte, escrita pelo professor Valdeci dos Santos Júnior, é fruto de mais de vinte anos de pesquisa e registros escritos e fotográficos de 381 sítios localizados no RN.
Ao perceber o quase total desconhecimento da população em relação ao potencial do patrimônio cultural existente no território, o autor resolveu reunir e divulgar esse conhecimento arqueológico às gerações futuras: “Quero agradecer imensamente à Copel e ao Iphan pela colaboração, pois a partir dessa parceria foi publicada uma obra que trouxe a público um pouco mais de informação sobre esse universo”, diz Santos Jr.
Produzida durante a Pré-História, a arte rupestre é encontrada principalmente dentro de cavernas e paredões de pedra. Essa forma artística tornou-se fonte histórica para estudos relativos ao surgimento dos primeiros seres humanos, seus costumes e crenças.
A publicação mostra que existem duas técnicas de arte rupestre – pinturas e gravuras – que foram muito executadas e elaboradas em quase 70 municípios do RN. “São os aspectos mais visuais que mostram resquícios do cotidiano de grupos pretéritos que ocuparam o Brasil antes da chegada dos portugueses”, destaca Santos Jr. Segundo ele, as pinturas rupestres mais antigas encontradas até o momento no Estado datam de 9 mil anos atrás e os achados dele relatados no livro recém-publicado incluem registros com 5.040 anos.
O autor conta que as pesquisas nesse campo começaram a ter mais ênfase a partir dos anos 90 e vem se intensificando, principalmente, a partir das instalações dos parques eólicos, fotovoltaicos, barragens e estradas – os empreendedores injetam recursos e subsidiam pesquisas, dando melhores condições à produção de conhecimento: “É todo um passado que está sendo redescoberto a partir das pinturas e gravuras rupestres, mostrando a existência de grupos humanos diferenciados naquele território”, afirma.
Divulgação
A diagramação e publicação do livro é uma das iniciativas previstas no licenciamento ambiental do Parque Eólico Esperança do Nordeste, que integra o Complexo Eólico de Cutia, instalado pela Copel no litoral potiguar. No local do empreendimento, foi identificado o Sítio Arqueológico Esperança I – o que motivou ações de preservação do patrimônio.
Foram impressas mil cópias da publicação, distribuídas a todos os cursos de graduação e pós-graduação em Arqueologia e para professores e pesquisadores de todo o Brasil. Também foram entregues exemplares para bibliotecas públicas de 167 municípios do RN. O livro não está à venda, mas cópias físicas podem ser encontradas na sede do Iphan-RN e nas instituições de ensino contempladas e a versão digital está publicada no site da Copel.
O complexo eólico
O Complexo Eólico Cutia está localizado nos municípios de São Bento do Norte e Pedra Grande (RN). O empreendimento está 100% operacional e conta com sete parques eólicos que têm, em conjunto, 86 aerogeradores com potência total de 180,6 Megawatts (MW).

