A chance de se receber um telegrama como o que chegou à casa de Luiz Alves Ferreira é muito remota. Não, não era um sorteio de loteria. O telegrama recebido em maio de 2009 pedia para entrar em contato com o Registro dos Doadores de Medula (REDOME), no Rio de Janeiro.
Quatro anos antes, Luiz havia feito o cadastro no hemocentro do Hospital Universitário de Londrina, e o que era uma probabilidade ínfima aconteceu: sua amostra foi considerada compatível com uma garota de 11 anos que precisava do transplante.
Foi então que começou uma experiência que acompanha Luiz e seu filho, o copeliano Luiz Roberto de Mendonça Ferreira, até hoje, na busca por sensibilizar outras pessoas sobre a importância da doação de órgãos.
A doação
O transplante aconteceu em abril de 2010. O acompanhamento prévio foi realizado pelo Hospital Universitário em Londrina, e os exames finais e o transplante foram feitos em Curitiba, no Hospital das Clínicas. "A preocupação é a de qualquer cirurgia. Mas o fato de estar ajudando a salvar a vida de alguém faz tudo valer a pena", afirma Luiz.
O transporte e hospedagem foram custeados pelo SUS, e o procedimento exigiu internação de apenas um dia, seguido de observação por mais 24 horas. Apesar de ter estado próximo da receptora, Luiz não pôde encontrá-la, pois o sistema de saúde não permite contato entre doador e receptor. O agradecimento veio pela internet, que foi o meio encontrado pela família da paciente para informá-lo sobre a boa recuperação após o procedimento.
Probabilidade e estatística
O cadastro de doadores brasileiros de medula óssea cresceu rapidamente, e hoje conta com mais de 3 milhões de registros - um número que era de apenas 12 mil, em 2000. Este é o terceiro banco de doadores no mundo, atrás de EUA e Alemanha.
A compatibilidade entre doador e paciente é definida por um conjunto de genes localizados no cromossoma 6, e as chances chegam a 25%, entre irmãos biológicos. Porém, quando se parte para a busca entre não-aparentados esta probabilidade chega a uma em um milhão, dependendo da herança genética do receptor. "Por isto é preciso estimular o cadastro e a doação, não só de medula óssea, mas de órgãos em geral. É importante que as pessoas conversem sobre isto, porque é uma decisão muito difícil para a família, principalmente em casos de morte encefálica", alerta Luiz.
Quem pode doar?
Pessoas em bom estado de saúde, com idade entre 18 e 54 anos.
Como fazer o cadastro?
Procure o hemocentro mais próximo da sua casa ou do trabalho. O procedimento é simples e dura alguns minutos.
Quem pode precisar da minha doação, um dia?
Portadores de doenças no sangue, anemia aplástica e leucemia.
Mais informações:
Instituto Nacional de Câncer: www.inca.gov.br / Associação da Medula Óssea: www.ameo.org.br.